Rally Dakar: Leandro e Lourival conquistam título inédito para o Brasil




Leandro Torres e Lourival Roldan colocaram neste Sábado (14/1) os seus nomes na história do Rally Dakar e do automobilismo mundial. Eles tornaram-se os primeiros pilotos brasileiros a vencer a maior e mais difícil prova off-road do planeta na classificação geral de uma categoria. A dupla, que participou pela segunda vez, foi campeã entre os UTVs. O melhor resultado até hoje era de André Azevedo, vice-campeão nos Caminhões em 2003.

Os pilotos brasileiros completaram os quase 9.000 quilómetros de disputa em 54h01min50 (tempo extra-oficial), com mais de quatro horas de vantagem para os segundos colocados, os chineses Wang Fujiang/Li Wei.

O piloto Leandro Torres, 45 anos, é carioca, radicado em São Paulo, e disputou o Rally Dakar pela segunda vez. Em 2016, também tendo Lourival Roldan, 58, como navegador, ficou na terceira colocação. Lourival é paulista e participou no Dakar pela 10ª vez. A sua experiência foi um dos fatores fundamentais para a conquista. Eles assumiram a liderança da prova na quinta etapa (dia 6) e mantiveram-se na frente até ao fim.

Emocionado ao fim do trecho cronometrado, Leandro Torres desceu do UTV chorando, abraçou o filho que o esperava, os integrantes da equipa e, principalmente, o navegador Lourival Roldan.

“Um cara de 45 anos de idade e outro com quase 60 vencer uma prova tão difícil como esta, é um legado que fica para todo o mundo. Tem de tentar, tem de fazer esforço. O brasileiro é um povo diferente. E se tentar, consegue”.

Para Lourival, a vitória foi a realização de um sonho, que ocorreu somente após a 10ª tentativa.

“O sonho começou quando o UTV se tornou uma categoria (até ao ano passado era uma subdivisão dos Carros). Deu certo, formámos uma dupla maravilhosa e realizámos o nosso sonho”, declarou.

LEIA MAIS:  Território Motorsport anuncia dois patrocinadores para a 28ª edição do Sertões

Só os fortes sobrevivem

Antes da largada, em Assunção (Paraguai), o director geral do Rally Dakar, Étienne Lavigne, avisou que esta seria a edição mais difícil na história sul-americana da prova. E durante as 12 etapas, os competidores passaram por situações extremas. Enfrentaram calor (na casa dos 40ºC), frio, altitude (beirou os 5.000 metros), muita chuva, enchentes e até uma avalanche, nas proximidades de Salta (Argentina), que bloqueou a estrada que levava ao acampamento. E muitos ficaram pelo caminho.

Além disso, os pilotos brasileiros ainda tiveram de superar alguns contratempos. Logo na segunda etapa, o radiador do UTV ficou coberto de lama e o motor ferveu. Por pouco a aventura não acabou precocemente. Na Quinta-feira (12/1), bateram numa pedra, o que quebrou a bandeja do UTV. Eles concluíram o percurso nas primeiras horas da madrugada de Sexta-feira.

Em Uyuni (Bolívia), foram penalizados com o acréscimo de uma hora ao tempo de prova. Ao chegarem no parque fechado (onde os veículos passaram a noite), Leandro se irritou com um vazamento de óleo nas mudanças do UTV. Nervoso, atirou a sua mochila de água por sobre a cerca. O seu irmão (Igor), que o acompanha, recolheu o objecto. Um fiscal viu e aplicou a pena, sob a justificação de que eles estariam recebendo ajuda externa, o que era proibido naquele dia, por se tratar de etapa maratona, na qual somente os competidores poderiam fazer reparos nos veículos.

Outros competidores brasileiros

Dos oito brasileiros que iniciaram o Rally Dakar, apenas cinco completaram a prova. Além de Leandro e Lourival, Sylvio de Barros e Rafael Capoani (MINI), nos carros e Richard Fliter (Honda), nas motos.

Barros e Capoani receberam o convite para a competição quando faltavam 12 dias para a largada. Correram contra o tempo, disputaram e terminaram em 18º lugar, além de serem a terceira melhor dupla de estreantes na categoria.

LEIA MAIS:  VÍDEO: Rockstar Energy Husqvarna Rally Team 2020

“O Dakar leva você ao limite. É uma grande experiência de superação. É uma prova muito dura. Mas tivemos um carro incrível, com uma equipa fantástica. Estamos felizes com o resultado”, afirmou Sylvio de Barros, empreendedor e executivo de sucesso.

Na disputa de motos, Richard Fliter ficou em 59º. Gregorio Caselani (Honda South America Rally Team), sofreu uma queda sobre cactos e os espinhos causaram processo inflamatório que o tirou da prova. Ricardo Martins (Yamaha), também abandonou, assim como Marcelo Medeiros, que disputou nos Quads.

Classificação Final do Rally Dakar 2017

UTVs
1° Leandro Torres / Lourival Roldan, 54h01min50
2º Wang Fujiang / Li Wei (Polaris), + 4h42in34
3º Maganov Ravil / Kiril Shubin (Polaris), + 6h05min35
4º Mao Ruijin / Sebastien Delaunay (Polaris), + 23h30min07

Carros
1º Stephane Peterhansel / Jean Paul Cottret (Peugeot), 28h49min30
2º Sebastien Loeb / Daniel Elena (Peugeot), + 5min13
3º Cyril Despres / David Castera (Peugeot), +33min28
4º Nani Roma / Alex Haro Bravo (Toyota), + 1h16min43
5º Giniel De Villiers / Dirk Von Zitzewitz (Toyota), +1h49min48

18º Sylvio de Barros / Rafael Capoani (MINI), + 8h13min47

Motos
1º Sam Sunderland (KTM), 32h06min22
2° Mathias Walkner (KTM), +32min00
3º Gerard Farres Guell (KTM), + 35min40
4º Adrian Van Beveren (Yamaha), + 36min28
5º Joan Barreda (Monster Energy Honda Team), + 43min08

59º Richard Fliter (Honda), + 1h02min30

FONTE: MULTIDESPORTOS