Membros do grupo Rosas do Deserto tiveram suas vidas transformadas pela experiência de rodar até o Atacama. Palestra ocorre no dia 23 de novembro, em São Paulo (SP)
A legião de apaixonados por motos aguarda pelo início do Salão Duas Rodas, que acontece em São Paulo (SP), de 19 a 24 de novembro. O maior evento do segmento na América Latina terá apresentações, testes, lançamentos e também vai contar histórias de motociclistas que inspiram, como a das Rosas do Deserto.
Trata-se de um grupo de mulheres que fez uma longa viagem recentemente. Nove participantes, em oito motocicletas, rodaram até o Deserto do Atacama, no Chile, percorrendo mais de nove mil quilômetros sem a assistência de carro de apoio ou qualquer outra pessoa – do sexo masculino, especialmente.
No caminho, se depararam com paisagens incríveis como a Cordilheira dos Andes, o Oceano Pacífico, as sinuosas curvas de Caracoles e a icônica escultura A Mão do Deserto. Como aventura adicional, atravessaram a região de Santiago em meio a manifestações políticas e quase foram confundidas com ativistas locais.
A história será apresentada em detalhes por Telma Crummenauer, uma das idealizadoras da expedição, e as demais Rosas do Deserto durante o Salão. O encontro acontece no sábado, dia 23, às 19h45, na Arena Lifestyle, espaço montado dentro do São Paulo Expo, local que recebe o evento.
Como foi a expedição Rosas do Deserto
Tudo começou quando Telma, dona de casa curitibana, conquistou sua própria moto após andar por 26 anos na garupa do marido. Ela tinha 46 anos e logo se apaixonou por pilotar, usou a motocicleta como instrumento para superar a depressão, começou a fazer viagens maiores e traçou um sonho: celebrar seus 50 anos com uma grande aventura.
Aos poucos surgiu o motoclube de mulheres as Filhas do Vento e da Liberdade. Logo, elas passaram a confabular sobre o aguardado evento. Detalhe interessante é que a maioria das nove viajantes não se conhecia pessoalmente, falando apenas por Skype, meio que utilizaram para combinar os detalhes da odisséia ao longo de nove meses.
Depois de tudo pronto, as motociclistas que encararam o trecho foram: Kátia Silva, Sulamita Morini, Telma Crummenauer, Simone Freire, Polyana Iark, Gean Neide, Jussara Neri, Silvana Santiago e Luciana Nicoforenko.
As participantes vivem em diferentes cidades e regiões do Brasil e também da Argentina. O ponto de encontro foi Foz do Iguaçu (PR), no dia 1º de outubro, e a celebração de retorno ocorreu em Curitiba, no dia 24 do mesmo mês. Na ocasião, aconteceu uma pequena festa, comemorando o feito do grupo. A viagem teve apoio de várias entidades, dentre elas a Federação Paranaense de Motociclismo – FPRM, na qual Telma é Diretora de Ação Social.
Uma viagem para conhecer o continente e a si mesma
Considerando o fato de que as aventureiras não se conheciam presencialmente, é de se esperar que ao longo do caminho acontecessem alguns episódios de conflitos diante dos perrengues deserto afora, certo? Errado.
Um grande clima de união e altruísmo permeou o grupo desde os primeiros instantes do encontro.
“Estávamos determinadas a completarmos a viagem juntas, independente do que acontecesse. Por isso, nosso lema sempre foi ‘eu não abro mão de você’”, conta Gean. “Fomos unidas por uma energia diferente e transformadas pelo amor. Esse sentimento vai nos unir para sempre”, complementa Silvana.
Por todos os lugares onde passou, elas causaram diferentes reações. Olhares curiosos, aplausos, votos de boa viagem, mensagens de motivação.
“Realmente não é comum ver mulheres viajando sozinhas e isso causa impacto, mas de maneira positiva. Todos querem ajudar de alguma forma e nos olhavam com um misto de surpresa e admiração”, comenta Sulamita.
Além do companheirismo e da sintonia entre as participantes, as paisagens também ficaram gravadas na memória das motociclistas.
“Eu vi um deserto de vidas e cores, um oceano de um azul turquesa hipnotizante, os vários castelos construídos pelas ações do vento, vales encantados com rios cristalinos. Vi montanhas douradas pelos raios de sol e o colorido inexplicável dos tons da terra. Vales nevados e curvas que revelavam a todo momento o inexplicável”, revela Telma.
Aventura pode virar livro
Segundo as motociclistas, um dos principais objetivos da iniciativa é transformar vidas, mostrando que mulheres são livres e capazes de realizar seus sonhos – e de viajar para onde e como quiserem. Este será o tom de empoderamento do encontro no Salão Duas Rodas e que, também, pode ir parar em um livro que já habita nos anseios de Telma.
“Já mudamos a vida de várias mulheres com uma fórmula simples: histórias reais de mulheres reais! Estamos crescendo a cada dia no motociclismo, se organizando, e há muitos grupos onde cada uma descobre sua identidade. Estou sempre a disposição para palestrar em qualquer lugar do Brasil, compartilhando e expandindo este sentimento”, destaca a motociclista.
Quem são as Rosas do Deserto?
– Kátia de Lima Silva – 53 anos, servidora pública aposentada, de Brasília (DF). Pilotou uma Tiger 1200 Explorer
– Sulamita Morini – 58 anos, dona de casa, de Florianópolis (SC). Pilotou uma Kawasaki Vulcan 650
– Telma Crummenauer – 50 anos, dona de casa, de Curitiba (PR). Pilotou uma Shadow 750cc
– Simone Freire – 56 anos, engenheira, de Natal (RN). Pilotou uma Honda NC750
– Polyana Iark – 39 anos, médica veterinária, de Curitiba (PR). Pilotou uma Honda NC 700
– Gean Neide – 51 anos, militar, de Natal (RN). Irá pilotar uma Honda NC 700X
– Silvana da Costa Santiago – 53 anos, advogada, de São Paulo. Pilotou uma Kawasaki Vulcan 650S levando Jussara Neri na garupa
– Luciana Nicoforenko – 37 anos, servidora pública, de Foz do Iguaçu (PR). Pilotou uma Kawasaki Versys 650
FONTE: ID – Assessoria