Sandro Hoffmann, o piloto que ‘por acaso’ se tornou um dos maiores do país




No #TBTCBM desta quinta-feira (29), grande nome do Enduro de Regularidade no país relembra momentos marcantes de sua trajetória

oi por acaso que Sandro Hoffmann fez sua primeira trilha de Enduro de Regularidade, mas não é por acaso que ele se tornou um dos maiores do país. Hoje, com 50 anos, possui mais de três décadas dedicadas ao esporte e mais de 1 milhão de quilômetros rodados em viagens pelos quatro cantos do Brasil. A quantidade de pódios acumulados já ultrapassa suas contas, mas o título de tridecacampeão brasileiro ele carrega com orgulho. “Minha intenção é buscar o 14º título em 2021”, fala à CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo).

O destino – e um cartaz pregado nas ruas de Vitória (ES) – o colocou para assistir uma prova no município de Venda Nova do Imigrante, a 86 km da Capital, no ano de 1993. Depois disso, seu esforço e vontade de crescer fez o resto. “Nunca imaginei que tomaria tamanha proporção, antigamente a gente tinha dificuldade até de conseguir uma revista off-road na minha cidade. Hoje o Espírito Santo tem vários pilotos de renome, como o Bruno Crivilin, que nem era nascido quando eu comecei”, comenta.

Bate-papo

Aproveitando o clima de nostalgias, o capixaba volta na linha do tempo e relembra o início de sua carreira e suas principais participações em certames de renome no cenário nacional. Confira na íntegra o bate-papo do #TBTCBM desta quinta-feira (29).

Legenda: Sandro Hoffman ao lado de pilotos de Enduro de Regularidade da década de 90, inclusive Jean Azevedo, piloto de Rally. Crédito: Acervo Pessoal.

CBM – Seu primeiro contato com o Enduro de Regularidade foi no interior do Espírito Santo, como expectador do Enduro da Polenta, em outubro de 1993. Mas ainda assim você não assistiu a prova das arquibancadas, foi de cima da moto mesmo, certo? Conta essa história pra gente!

Hoffmann – Pegamos a estrada de Itaguaçu [ES] até lá para assistir a prova, eu estava usando pneu de trilha, lembro que foi até difícil achar porque minha moto era aro 17. Quando chegamos na largada e vimos os pilotos saírem eu e meu parceiro de aventuras resolvemos segui-las. Logo depois de sair da cidade entramos em uma plantação de café em uma estrada abandonada, depois chegamos em uma mata atlântica virgem, que tinha uma trilha onde extraíam madeira na época. Seguimos por ela e passamos por plantação de mexerica, criação de galinha… assim foi por 1 hora. Quando saímos só tinha dez motos na frente, quando chegamos nesse ponto a moto 50 já estava ultrapassando a gente.

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CBM – Acabaram ficando para trás, é?

Hoffmann – Éramos muito lentos perto deles. Lembro que tinha piloto com tudo que é tipo de moto: DT 180, DT 200, XR 200, alguns tinham motos importadas, como Kawasaki e Suzuki.

CBM – Isso é que é coragem! E a partir dali você começou a participar de provas no seu Estado, mas não parou por aí. Se lembra da sua primeira competição oficial, aquela que realmente te desafiou?

Hoffmann – Em 1995 fiz minha primeira prova longe do Espírito Santo, o Enduro Pé do Pico, muito famoso na época. Eu não venci a prova, fiquei em segundo lugar, mas a partir dali treinei mais. Em 1996 participei da Copa XR e consegui vencer as quatro etapas, com uma XR 200, depois disso as coisas foram dando certo.

CBM – E na época você não tinha um financiamento alto e ainda assim se destacou. Ao que você deve isso?

Hoffmann – Sinto que muitas dessas provas venci por resistência e determinação, porque os pilotos navegavam muito bem mas eram criados em apartamento, no ar condicionado, e eu fui criado na roça, com trabalho braçal, então eu tinha a resistência a meu favor. Minha moto inclusive não era das melhores, era uma nacional. Se a minha valia 10 mil a dos caras valia 40 mil e eu vencia deles mesmo assim. […] Quando eu sofria uma derrota eu abaixava a cabeça e se eu tivesse que treinar um ano inteiro para voltar e vencer aquela mesma competição, eu treinava. Eu fazia análise de onde o piloto venceu e se ele me passava na descida, eu ia nas descidas mais difíceis e treinava, se ele era mais rápido eu treinava para melhorar minhas velocidade.

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CBM – E isso com certeza te fez alavancar no cenário nacional. Se você olhar para trás, quais provas pode dizer que mais te marcaram?

Hoffmann – Em  2001 venci o Enduro da Independência e depois disso só consegui o segundo lugar. Cinco anos depois, em 2006 tornei a vencer e isso foi muito importante pra mim. Às vezes o cara volta pra competição, não consegue vencer e desiste, mas eu persisti. Os terrenos dessa prova são muito difíceis e isso pode se tornar uma vantagem pros mineiros que já conhecem o lugar, mas consegui reverter a situação e vencer a Master. Em 2014 comecei a correr na Over 40 e venci novamente. Neste ano foram duas etapas por dia, totalizando oito. Depois dali recebi comecei a ser homenageado com o Troféu Sandro Hoffmann.

CBM – E a mais cansativa. Qual foi?

Hoffmann – Com certeza o Enduro dos Vinhedos, em 2000, em Caxias do Sul (RS). Em dois dias de competição rodamos quase 880 km, com muitas trilhas de muita erosão. O primeiro dia teve 12h30 de competição e o segundo dia 11h30. Praticamente demos uma volta dentro do estado. No fim do primeiro dia teve gente que teve que tomar injeção pra destravar por fazer tanta força física.

CBM – Em 2016 você disse durante uma entrevista que poderia ser sua última temporada. Você ainda está no páreo. Mas essa aposentadoria, se aproxima ou saiu dos seus planos?

Hoffmann –  Meu plano na época era deixar de ser apenas um piloto em busca de todos os títulos para ser um piloto que também treinaria novos pilotos, mas não aconteceu como planejei. Hoje, por levar os pilotos nas competições eu acabo levando minha moto junto e acabo competindo. Termino meu dia de prova e presto serviço pra eles, tenho mecânicos contratados inclusive. Mas aposentar de vez está fora dos planos, enquanto eu tiver energia eu continuo.

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FONTE: ASSESSORIA CBM – FOTO: Erik Araújo Fotografia