Após primeira etapa traiçoeira, equipe emplaca Ricky Brabec na vice-liderança geral das motos, com Skyler Howes em quarto lugar e Tosha Schareina em quinto; Estágio de 48 horas é o próximo desafio na Arábia Saudita
O Rally Dakar 2025 começou neste sábado (4/1) com uma etapa à altura da tradição da prova. Os 413 quilômetros cronometrados em torno de Bisha desafiaram os pilotos da equipe Monster Energy Honda HRC por meio de trilhas velozes atravessando vales, cânions e leitos de rios secos, nos quais os arbustos retorcidos deram trabalho. No final do dia, a equipe emplacou três pilotos entre os cinco mais velozes das motocicletas, acelerando as Honda CRF 450 Rally.
Vencedor de 2024, Ricky Brabec atacou desde os primeiros quilômetros e diminuiu um pouco o ritmo na parte final da especial para conceder apenas 2min04s para o vencedor do dia, Daniel Sanders. Totalmente recuperado da queda sofrida no último Rally do Marrocos, o norte-americano está em ótima posição considerando a estratégia para a longa segunda etapa, que abrirá o estágio 48 Hours Chrono.
Seu compatriota Skyler Howes viveu um dia movimentado, já que parou para prestar assistência a Sebastian Buhler, que sofreu uma queda forte na altura do km 68. Como prevê o regulamento, ele recuperou ao fim da etapa o tempo em que esteve parado e ficou com uma positiva quarta posição, após andar em ritmo semelhante ao de Brabec na segunda metade do percurso.
Tosha Schareina procurou se manter próximo a Sanders e chegou a estar a apenas 18 segundos do rival. No retorno a Bisha, ficou a 4min42s do tempo do vencedor, o que lhe valeu o quinto lugar. Já o chileno Pablo Quintanilla não apenas enfrentou dificuldades com parte da navegação, mas também com o comportamento da dianteira de sua moto. Ele deixou as adversidades para trás e concluiu a etapa em sétimo, consciente de que, com os problemas corrigidos, tem tudo para ganhar terreno.
Aniversariante do dia, Adrien Van Beveren não teve muitos motivos para comemoração. Uma queda já no km 15 da especial provocou o acionamento de seu airbag e danificou o comando que faz o road book avançar eletricamente. O francês de 34 anos não se machucou, mas, a partir daí, enfrentou uma etapa interminável, obrigado a acionar manualmente a planilha, o que limitou seu ritmo.
Com o oitavo tempo, ele será o primeiro dos pilotos Monster Energy Honda HRC a partir para o desafio deste domingo (5/1). A ordem das 20 primeiras motos da categoria Rally GP será invertida para a primeira perna do estágio 48 Hour Chrono e ele será o 13° a largar, disposto a repetir a vitória conquistada no ano passado ao fim dos dois dias.
O extenuante estágio de 48 Horas começa a desafiar os pilotos com 947 quilômetros a serem percorridos contra o relógio. Após o horário limite de parada do primeiro dia, eles seguirão para um dos acampamentos montados pela organização e dormirão em barracas, com a comida necessária para o período (muesli, um jantar quente e bebida) e sem contar com assistência mecânica externa. Também não terão ideia da posição que ocupam na classificação geral ao cair da noite, que traz consigo o frio. Se Van Beveren manteve a calma e a consistência para ser o mais rápido em 2024 no 48 Hour Chrono, um pelotão repleto de candidatos lutará para repetir seu feito.
Primeira etapa superada e com bons resultados para nós. Foi um dia positivo para a Monster Energy Honda HRC. Brabec estava em sua melhor forma e Schareina fez um ótimo trabalho até o km 330, no trecho usado pelos carros para o Shakedown, há três dias. Ele cometeu um erro que lhe custou em torno de cinco minutos, mas assim é o Dakar. Às vezes isso acontece e o importante é que, ainda assim, foi um dia sólido para ele. Howes terminou em quarto e também teve um dia forte, apesar de ter parado para ajudar Sebastian Bühler após seu acidente. Quintanilla e Van Beveren perderam um pouco de tempo em meio à poeira, mas na próxima etapa podem recuperá-lo.
Teremos pela frente a primeira parte do estágio 48 Hours Chrono, certamente um estágio difícil, com areia, pedras e leitos de rios secos. Ainda não sabemos quantos quilômetros eles terão percorrido até o momento da parada, mas acreditamos em algo como 600 ou 650. Esse é o plano. Veremos se conseguem mais do que isso, o que não será fácil.
Seguiremos encarando o rally dia a dia e vejamos como estaremos daqui a dois dias. Espero que os cinco pilotos estejam bem colocados, já que o primeiro objetivo é chegar a Ha’il para o dia de descanso na liderança da classificação geral e, a partir daí, traçarmos uma estratégia para a segunda semana. – Ruben Faria (Gerente geral da equipe Monster Energy Honda HRC)
Pablo Quintanilla #7 – “Terminamos o primeiro dia de prova, foi uma etapa longa e dura. A navegação se mostrou difícil, o terreno era pedregoso e traiçoeiro, com vários trechos técnicos e arbustos. Não foi um dia tão bom para mim, já que briguei um pouco com a moto desde o começo. Tive algum problema na dianteira que comprometeu o equilíbrio do conjunto, vamos verificar agora para descobrir o motivo. Foi apenas o primeiro dia e estou feliz por chegar bem para encarar mais um dia bastante extenso”.
Ricky Brabec #9 – “Primeira etapa concluída. É bom ter superado um estágio longo, ainda que seja apenas o primeiro de 12. Feliz por ter terminado, agora é procurar descansar para enfrentar a etapa de 48 horas. Serão cerca de 950 quilômetros sozinhos no deserto, sem assistência. Acho que me saí bem, mas o que vem pela frente não será fácil”.
Skyler Howes #10 – “Eu estava alcançando Sebastian (Buhler) e seguia em sua poeira quando meu GPS começou a fazer um barulho de sirene. Vi que ele caiu e estava machucado. Parei e acionei o botão de resgate de sua moto, já que havia quebrado a clavícula. Passei alguns minutos ali e voltei logo depois de Brabec, com muita poeira pelo caminho até o fim do dia”.
Adrien Van Beveren #42 – “Um dia complicado para mim, já que sofri uma queda com apenas 15 quilômetros de especial. Em meio aos arbustos eu não vi uma curva e tentei evitar o tombo, mas não consegui. Meu airbag fez o seu papel e não me machuquei, mas, daí em diante, passei a andar na poeira de um grupo de pilotos que me alcançaram e superaram. Passei a etapa andando no pó, mas consegui render melhor no fim e é isso o que guardo de positivo. A partir da queda eu não contava mais com o acionamento elétrico do road book e tive de fazer isso manualmente, o que não ajuda a manter um bom ritmo. Mas assim são as coisas, este é o Dakar, vamos fazer nosso melhor”.
Tosha Schareina #68 – “Foi um dia bastante duro, com 400 quilômetros cronometrados para iniciar o Dakar. A etapa foi boa para mim, já que consegui superar outros pilotos em meio à poeira. Em alguns trechos ela era bem traiçoeira – na prática tivemos uma combinação entre partes rápidas e outras mais técnicas e pedregosas. O foco agora é no estágio 48 Hours Chrono, que vou encarar pela primeira vez. Estou contente com a equipe, a moto e minha pilotagem. Acredito que poderei atacar daqui para a frente”.
Resultados – Rally Dakar 2025 / Arábia Saudita
Classificação após a etapa 1 / Motos (extraoficial – cinco primeiros)
1 – Daniel Sanders (AUS) – #4 – 4h58m18
2 – Ricky Brabec (EUA) -#9 – 5h00m40s – Equipe Monster Energy Honda HRC
3 – Ross Branch (BWA) – #1 – 5h00m56s
4 – Skyler Howes (EUA) – #10 – 5h03m17s – Equipe Monster Energy Honda HRC
5 – Tosha Schareina (ESP) – #68 – 5h03m25s – Equipe Monster Energy Honda HRC
7 – Pablo Quintanilla (CHI) – #7 – 5h09m51s – Equipe Monster Energy Honda HRC
8 – Adrien Van Beveren (FRA)- #42 – 5h13m43s – Equipe Monster Energy Honda HRC
Etapa 1 / Motos (extraoficial – cinco primeiros)
1 – Daniel Sanders (AUS) – #4 – 4h41m27s
2 – Ricky Brabec (EUA) -#9 – 4h43m31s – Equipe Monster Energy Honda HRC
3 – Ross Branch (BWA) – #1 – 4h43m53s
4 – Skyler Howes (EUA) – #10 – 4h45m34s – Equipe Monster Energy Honda HRC
5 – Tosha Schareina (ESP) – #68 – 4h46m09s – Equipe Monster Energy Honda HRC
7 – Pablo Quintanilla (CHI) – #7 – 4h52m33s – Equipe Monster Energy Honda HRC
8 – Adrien Van Beveren (FRA)- #42 – 4h56m11s – Equipe Monster Energy Honda HRC
FONTE: MUNDO PRESS