Conheça todas as motos que ganharam o Dakar até ao ano 2000. Porque a partir daí a KTM tem dominado a mais dura prova off-road do mundo!
Tudo começou há 40 anos. O Paris-Dakar Rally foi criado pelo francês Thierry Sabine, um aventureiro motociclista que em 1977, durante a prova Abidjan-Nice, se perdeu no Deserto do Ténéré e acabou por idealizar uma prova que pudesse desafiar os pilotos mais aventureiros. A partir de então, dedicou literalmente o resto da sua vida à organização do grandioso evento, até ter falecido, em 14 de Janeiro de 1986, no Mali, quando o helicóptero em que se deslocava bateu contra uma duna, sob uma súbita tempestade de areia. Mas o Dakar não parou, e até aos dias de hoje, continua a ser um verdadeiro desafio para homens e máquinas.
Abaixo apresentamos um breve resumo das diversas motos (e pilotos) que venceram o Rally Dakar, até ao final do século passado. Isto porque, a partir de 2001 até 2017, a KTM venceu todas as edições realizadas.
Ainda não sabemos o desfecho da edição de 2018 por isso, falaremos da marca austríaca, e do seu domínio no Dakar, em outra ocasião.
1979 a 1980
A primeira edição da mais dura prova do mundo, em 1979, na época chamada de “Oasis Rally”, partiu de Paris, em direcção a Dakar, no dia 26 de Dezembro 1978. A caravana, com 182 participantes, dos quais 90 eram motociclistas, tinha pela sua frente 12.000km de pistas, desertos e incertezas que iriam demorar pelo menos 20 dias! E foi uma pequena moto, com um motor monocilíndrico com escassos 32cv, muito leve, com apenas 140kg, mas ainda assim capaz de atingir velocidades na ordem dos 160km/h, que pelas mãos de Cyril Neveu venceu a prova por dois anos consecutivos (1979 e 1980). Em 1979, e pela mão de Gilles Comte, conseguiu também o segundo lugar e na edição de 1980, os quatro primeiros classificados na categoria motos, todos eles pilotavam uma Yamaha XT500.
1981
A história de sucesso das BMW GS começou aqui. Apresentada ao mundo em Setembro de 1980, equipada com um motor boxer de 800cc com interessantes 50cv, e com um peso de apenas 170kg, a BMW R80 G/S levou à vitória Hubert Auriol, com uma vantagem de 3 horas sobre o segundo classificado, na chegada ao Lac Rose.
1982 foi o ano da grande exposição de mídia do Dakar. O fato se deu pela participação do filho da então primeiro-ministro britânica Margaret Thatcher, Mark Thatcher, que se perdeu no deserto do Sahara e de ter estado desaparecido durante 4 dias, o fato foi noticiado exaustivamente. Foi então que o Dakar, com as suas dificuldades e os seus riscos, ficou a ser conhecido por todo o mundo! Cyril Neveu, entretanto contratado pela Honda, explorou todo o potencial do conjunto da pequena Honda XL 500R, cujo motor refrigerado a ar tinha uns modestos 32cv, beneficiando do seu peso pluma de apenas 137kg. Foi a primeira moto de aventura a utilizar uma suspensão traseira pro-link do tipo monoshock. Beneficiando da desistência das BMW, o francês conquistou uma inesperada vitória que despertou as ambições do gigante japonês.
1983 a 1985
Face às desistências das BMW no ano anterior, a marca Bávara regressa com força ao Dakar com uma GS reformulada, com uma nova suspensão com maior curso, e um motor mais potente. E Hubert Auriol aproveita a vantagem e volta a vencer o Dakar, numa edição em que apenas terminaram 29 das 132 motos inscritas. A R100GS venceu ainda em 1984 e 1985 pela mão do pequeno, mas exímio piloto belga, Gaston Rahier.
1986 a 1987
1986 foi ano da morte do fundador do Dakar, Thierry Sabine, vítima de um acidente de helicóptero equanto dirigia a prova. Foi também a mais longa edição do Dakar já disputada, com cerca de 15.000km, cumpridos em 22 esgotantes dias. Desenhada do zero para vencer o Dakar, a Honda NXR 750V cumpriu o objetivo. Foi a primeira moto de aventura com refrigeração líquida. Tanque para 59 litros de combustível, com um peso de 208 kg, e o motor bicilíndrico em V, que conseguia atingir uma velocidade máxima de 177km/h, foram vantagens que deram a Cyril Neveu a oportunidade de vencer mais um Dakar, feito que repetiu novamente em 1987. No ano de estreia, a “Desert Queen”, como então foi batizada, ainda conseguiu mais um pódio, com Gilles Lalay no segundo lugar da geral, e Andrea Balistrieri, em terceiro. Foi esta moto de competição que originou a consagrada Honda Africa Twin XRV650, produzida entre 1988 e 1989, quando foi substituída pela XRV750.
1988 a 1989
Uma versão melhorada da NXR, com uma cilindrada aumentada e uns pequenos acertos técnicos, que continuou a escrever o sucesso da Honda no Dakar por mais dois anos consecutivos. Edi Orioli levou-a ao mais alto lugar do pódio em 1988. E em 1989 a Honda NXR 800V consegue fazer Gilles Lalay vencer finalmente o seu primeiro Dakar.
Com a saída da Honda, Edi Orioli assina com Claudio Castiglioni o contrato para a sua participação no Dakar de 1990, aos comandos da Cagiva Elefant 900, moto que já andava em desenvolvimento há alguns anos. A inovadora moto, apresentava 188kg de peso e um motor V2 desmodrómico refrigerado a ar, proveniente da Ducati 900SS (a Ducati era propriedade da Cagiva) com 68cv de potência. Dominando a concorrência de forma autoritária, o piloto italiano conquistava assim a sua segunda vitória no Dakar, e a primeira para uma marca italiana, tendo voltado a repetir a vitória, com a mesma moto, em 1994.
Este foi finalmente o ano de Stéphane Peterhansel levar à vitória a mística “Super Ténéré”. Uma moto derivada da versão de produção, a XTZ750 SuperTénéré, lançada em 1989 e que apresentava, além do motor bicilindrico, DOHC, com 10 válvulas e 802,5cc, e 75cv, um peso a seco de 194kg, que iria juntar-se a carga representada pelos dois tanques de combustível com uma capacidade conjunta para 64 litros. A partir da edição de 1992 até 1998, a Yamaha, já com uma versão melhorada da sua máquina, batizada de YZE850T, e Stéphane Peterhansel, venceram todas as provas, exceção feita ao ano de 1996 em que Edi Orioli ganhou a sua 4ª e última edição do Dakar, mas também aos comandos de uma Yamaha YZE850T. Na edição de 1998 já a KTM representava uma séria ameaça, tendo colocado 9 motos nos 10 lugares de topo da classificação, atrás da Yamaha de Peterhansel.
1999 a 2000
Mais ou menos repetiu-se o cenário do ano anterior, Richard Sainct conseguiu impôr a sua BMW F650RR à armada da KTM, que logo atrás de si colocou 3 motos nos 4 primeiros lugares, tendo a vitória escapado de Thierry Magnaldi por escassos 4 minutos. A nova BMW estava equipada com um motor monocilindrico de 700cc com 75cv. Contava com 2 tanques de 12 litros, e mais 3 tanques de 7 litros cada, um colocado ao centro e dois atrás, em posição lateral, perfazendo um total de 45 litros de combustível, cujo peso somava aos 168kg da moto. No ano 2000, com uma versão melhorada e vestida das cores da Gauloises, a BMW F650RR volta a vencer com Richard Sainct, e ocupou os primeiros 4 lugares da tabela de classificação geral.
CURIOSIDADES DO RALLY DAKAR
Pilotos com mais vitórias no Dakar Rally (de 1979 a 2017)
- Stephane Peterhansel – 6 vitórias
- Marc Coma, Cyril Despres, Cyril Neveu – 5 vitórias
- Edi Orioli – 4 vitórias
- Richard Sainct – 3 vitórias
- Hubert Auriol, Fabrizio Meoni, Gaston Rahier – 2 vitórias
Países com mais vitórias no Dakar Rally (de 1979 a 2017)
- França – 5 (Auriol, Despres, Neveu, Peterhansel, Sainct)
- Italia – 2 (Meoni, Orioli)
- Espanha -2 (Coma, Roma)
Marcas com mais vitórias no Dakar Rally (de 1979 a 2017)
- KTM – 15 vitórias
- Yamaha – 9 vitórias
- BMW – 6 vitórias
- Honda – 5 vitórias
- Cagiva – 2 vitórias
Dakar Rally (Lista de vencedores de 1979 a 2017)
FONTE: ANDAR DE MOTO