Após o anúncio da Suzuki em abandonar o Campeonato Mundial FIM de Motocross, a maioria está ansiosa para ouvir como Stefan Everts se sente sobre a situação. Everts assumiu o controle da equipe Suzuki no início do ano passado e, desde então, elevou o programa para um dos mais profissionais do mundial.
Obviamente, a notícia oficial veio na segunda-feira. Quando você soube qual foi sua reação inicial?
Fomos informados algumas semanas antes. Já sabíamos sobre a MX2. Sabíamos algumas semanas antes, então informamos a equipe e pilotos. É uma notícia chocante para todos, Todo o grupo e nós pessoalmente. É uma decisão difícil para nós. Temos que aceitar isso e respeitar a decisão da Suzuki, pois é assim que é. Agradeço a oportunidade de dirigir a equipe, embora tenha durado apenas dois anos, pois foi uma ótima experiência. Fiquei feliz em passar por isso.
Quando você foi informado pela primeira vez sobre a equipe MX2, eles comentaram que a equipe MXGP continuaria?
Não, recebemos a noticia de que a MX2 iria parar e nenhuma outra notícia. Não fomos informados de que a MXGP também iria parar. Quero dizer, é um sim ou um não. Não há intermediários com a informação que recebemos.
Não houve oportunidade para você convencê-los a ficar, trabalhando com menos pilotos ou com a um orçamento menor? Sua decisão foi a resposta final, certo?
Tivemos a possibilidade de continuar como uma equipe privada, mas, eventualmente, foi difícil juntar o orçamento e eu tive que dizer não. Nós tentamos por algumas semanas, mas eu sabia desde o início que seria muito difícil encontrar esse tipo de orçamento para executar uma temporada completa de MXGP. Eu sabia que seria difícil com vinte rodadas, além de bônus e salários para os pilotos. Demos uma chance e esperava que algo caísse do céu para nos permitir continuar com a equipe que temos aqui. No final, não tínhamos o orçamento e não queria colocar meu dinheiro privado dentro da equipe.
Sabemos que você não teve um grande orçamento para trabalhar nos últimos dois anos. A Suzuki exigia formas de gastar menos dinheiro naquele tempo?
Não, nós tivemos nosso orçamento e nós trabalhamos com isso. Nós não superamos o orçamento nos últimos dois anos. Nós tentamos permanecer dentro das linhas ainda mais do que possíveis, mas foi difícil fazer um bom trabalho com esse orçamento. Conseguimos fazer isso da melhor maneira e tivemos bons resultados na MX2 mais do que na MXGP. Definitivamente não foi o orçamento que influenciou a decisão que eles tiveram.
Algumas pessoas estavam preocupadas com o fato de você ter perdido algum dinheiro pessoal por isso, mas acho que você nunca teve que ir tão longe e gastar seu próprio dinheiro na equipe, correto?
Isso é algo que eu não gosto de discutir. Com a equipe, acho que, no final estaremos bem. Existem muitos ativos, ferramentas e veículos lá. Nós gerenciaremos.
A nota que a Suzuki divulgou na segunda-feira foi muito curta. Na verdade, eles não entraram em detalhes, então você sabe algum detalhe a mais?
Não, o que sei é que estavam reorganizando seus orçamentos. Por motivos orçamentários, eles tiveram que parar de competir no motocross. É o que nos foi dito, juntamente com o fato de que eles continuarão o desenvolvimento das motos de motocross e das vendas. Eles introduziram a nova RM-Z450 2018 e isso continuará. Não é que eles deixarão de produzir motos, não é o caso, eles continuarão com a produção e o desenvolvimento.
Você acha que isso vai ser apenas uma pequena pausa ou você acha que eles se foram para sempre?
Eu não sei. Não tenho idéia sobre isso. Tudo depende das vendas de motos no futuro. Eu sei que no passado eles pararam por cinco anos, mas no momento eu não sei.
Uma coisa que realmente se destacou sobre a equipe que você criou foi que havia um grande relacionamento entre os pilotos. Arminas [Jasikonis], Hunter [Lawrence] e Jeremy [Seewer] se mostraram bem juntos. Mesmo Liam [Everts] estava envolvido com eles! Quão difícil foi dar-lhes a notícia?
Para todos, foi um grande choque. Não era a melhor notícia para dar a ninguém. Eu acho que esse momento é algo que nunca vou esquecer na minha vida. Há alguns membros da equipe que estão aqui por mais de dez anos! Não foi um bom momento para nós. Para Arminas e Jeremy foi um grande choque, mas Hunter já sabia das notícias algumas semanas antes. Todo mundo leva isso de forma diferente, mas no final do dia é uma grande mudança para todos. Você deve se reagrupar, ver o que o futuro trará e a direção em que irá. É o mesmo para nós.
No MXON, falou-se de você, trabalhando com um fabricante diferente no próximo ano. Talvez crie uma pequena equipe Husqvarna com Jeremy ou algo assim. Existe ainda uma chance de você fazer outra coisa? Parecia que Jeremy realmente queria ficar com você, em vez de ir para a América com a JGR ou algo assim.
Sim, também era assim com Jeremy. Sua primeira opção foi que pudéssemos executar uma equipe privada e continuar. Ele ficou muito feliz aqui nos últimos dois anos. Ele gostaria de continuar, mas nós estabelecemos uma data sobre isso. Chegamos a essa data e depois tivemos que tomar uma decisão. Foi um bom grupo, por isso é uma pena ver isso assim. Penso que, de certa forma, mostramos coisas boas e bons resultados. É assim que é agora, então não temos escolha senão aceitá-lo.
Não tenho planos para ir com nenhuma outra equipe ou fabricante neste momento. Principalmente eu quero tirar algum tempo, pensar sobre o que aconteceu e para onde ir. Este ano para mim será um ano de aproveitar um pouco mais. Vou tentar terminar tudo da maneira correta com Suzuki e também com as pessoas que ainda estão aqui para as próximas semanas e meses. Vamos então ver o que o futuro traz. Eu vou ter mais algum tempo para Liam e poder acompanhá-lo nas corridas, mais um tempo para a família e é isso que vou fazer. Eu preciso de algum tempo para se reagrupar e, para ser sincero, minha motivação neste momento é muito, muito baixa.
A RMZ-450 foi uma moto totalmente nova este ano. Agora, depois de uma temporada de trabalho e desenvolvimento, o que você acha disso?
Penso que tivemos uma ótima moto este ano. Nós só tivemos a chance de realmente mostrar isso algumas vezes. Houve alguns bons começos para o AJ e aquele pódio em Portugal. Eu acho que há um bom potencial com a moto. É uma moto nova, de aparência limpa. Fiquei muito satisfeito. Tivemos que continuar trabalhando para melhorar e isso demora muito, mas fiquei muito feliz com isso. Depois de assumir a equipe da Suzuki, foi bom começar com material novo.
Algum de seus pilotos deste ano se aproximou de você no intuito de trabalhar com eles como treinador ou gerente? Mesmo que você não vá às corridas, você recebeu algum conselho? Isso seria algo que você gostaria de fazer no futuro?
Ainda não sei. Eu só quero levar algum tempo, como eu disse, ver o que vem para mim e o que eu quero fazer. No ano que vem, quero estar ocupado com Liam, mais do que neste ano, então veremos o que o futuro traz. Quero ter algum tempo de folga. Como eu disse, a motivação é baixa neste momento. Preciso de tempo para lidar com os sentimentos e depois seguir em frente.
Para resumir, o que você acha da forma como o MXGP está se desenvolvendo? No ano que vem, teremos duas rodadas na Indonésia e uma na Turquia, após a saída da China. Você acha que isso contribuiu para a decisão da Suzuki?
Não sei, mas acho que não. Eu acho que eles tomaram sua decisão por outros motivos. Eu não acho que tenha algo a ver com as mudanças. É importante que nós vamos onde há um mercado de motos – isso é muito importante para todos os fabricantes. Qatar, por exemplo, não havia mercado de motos. Quando fomos para a Indonésia este ano, eu vi coisas boas. Há um grande mercado de motos com scooters, então acho que é bom. É bom ir a esses países com pessoas motivadas para participar da corrida. Isso é importante para os fabricantes. Espero que, onde eles querem ir no futuro, é onde estão os mercados.
Finalmente, fale sobre como Liam está progredindo. Obviamente ele esta na Nova Zelândia no momento, como serão os próximos anos? Quando ele vai mudar para o EMX125?
Liam está indo bem! Ele esteve lá há um mês e vai ficar até o Natal. Ele disse que as pistas são incríveis, então é bom. Eles são técnicos. Ele gosta de trabalhar com Ben, fez alguns novos amigos e está fazendo as corridas locais lá. Ele está trabalhando muito duro com seus estudos, porque isso é importante para nós. Essa é a prioridade. Tudo está indo bem. Com o Ben, conversamos e ele me manda filmes. Podemos ver o que está acontecendo e o que ele está fazendo. Também é bom que alguém possa trabalhar com ele. Todo mundo vê algo e alguns dos comentários que Ben deu tem sido muito positivo. Só para lhe dar essa experiência é algo excelente.
Onde ele estará no futuro? No ano que vem, ele montará uma KTM 85. Vamos nos concentrar no campeonato holandês, então espero que possamos fazer um monte de ADAC. Então, se tudo correr bem, podemos ir ao campeonato mundial. Ele deve ganhar isso do nosso lado. Depois disso, depende de como ele vai crescer. No momento ele ainda é bastante pequeno para sua idade, então temos que ver como ele será.
