Após a sexta etapa das 48 horas do Quarteirão Vazio, duplas apoiadas pela Can-Am terminam a primeira metade da competição em posições de destaque
A sexta-feira, 12 de janeiro, marcou a conclusão da primeira metade do Dakar 2024, com o término da maratona de 48 horas do Quarteirão Vazio, onde os concorrentes embarcaram no desafio de completar o segundo dia depois de passarem a noite em um acampamento isolado, sem qualquer assistência externa. O enfrentamento da imensidão de areia e dunas do sudeste da Arábia Saudita começou na quinta-feira, 11. O resultado da empreitada para a Can-Am: três das duplas apoiadas pela marca canadense finalizaram a sexta etapa no Top 10 na geral da principal categoria disputada pelos UTVs, a T3 (Challenger). São elas:
Francisco Chaleco Lopez, três vezes campeão do Rally Dakar (T4 em 2019 e 2021 e T3 em 2022) e uma das maiores estrelas sul-americanas da modalidade, após a quarta posição conquistada na sexta etapa, ficou com a quarta posição na geral ao lado de seu navegador Juan Pablo Latrach Vinagre.
Com o nono lugar na etapa da sexta-feira, o norte-americano Austin Jones e o brasileiro Gustavo Gugelmin, que podem se tornar tricampeões, já que são os vencedores das edições de 2022 e 2023 da competição, terminaram a primeira metade na quinta posição.
A dupla Rokas Baciuška e Oriol Vidal Montijano, após finalizar em sexto o dia, ficaram com a sétima colocação na geral.
A etapa das 48 horas apresentou muitos desafios aos pilotos e navegadores da Can-Am Factory, mas tanto Chaleco/Latrach quanto AJ/Gugelmin demonstraram resiliência ao garantir posições importantes dentre os 10 primeiros nas etapas 4 e 5 na classificação geral. No momento, eles estão atrás da primeira posição por pouco menos de 1h30. As próximas etapas serão cruciais para as duplas, que se preparam para intensificar os seus esforços na segunda metade do rali.
Já na categoria T4 (SSV) são duas as duplas de destaque. A estreante no Dakar Sara Price e seu navegador Jeremy Grey continuam impressionando, terminando a etapa entre os 5 primeiros, após um quarto lugar. A estratégia firme e calculada da dupla revelou-se eficaz, posicionando-a num incrível segundo lugar geral, com uma notável diferença de 8:08 para os primeiros colocados. Mantendo a estratégia e a condição do veículo, o potencial para saírem vitoriosos nas próximas etapas é inegável, tornando-os candidatos de destaque na próxima fase.
Com a segunda posição conquistada na sexta-feira, João Ferreira, ao lado do parceiro Filipe Palmeiro, garantiu o quarto lugar na geral. Piloto e navegador exibiram excepcional capacidade ao garantir a segunda posição ao final dos 2 dias de maratona. Apesar de terem enfrentado um revés devido à substituição de uma peça danificada, continuaram determinados a recuperar o tempo perdido. Agora, estão atrás da primeira posição por apenas 22 minutos e 39 segundos.
Nesse cenário, a Can-Am pode alcançar a sétima vitória consecutiva na classificação geral em sete anos de disputa na categoria UTVs. São grandes as chances de uma das duplas acima dar o título para a marca canadense que segue sendo a preferida entre pilotos e navegadores. Os números falam por si: dos 78 UTVs inscritos no Dakar 2024, 47 são Can-Am.
Após o término da etapa de 48 horas, os competidores foram transportados por via aérea para Riad, enquanto os veículos transferidos por um trecho rodoviário até o acampamento na capital da Arábia Saudita. O dia de descanso será uma breve pausa para os competidores, permitindo às equipes tempo suficiente para realizar os reparos e manutenção necessários nos veículos.
Em busca do tetra
O navegador brasileiro Gustavo Gugelmin e o piloto norte-americano Austin Jones seguem transitando no Top 5 no ranking geral. Caso vençam, ambos serão tricampeões do Dakar. Além disso, Gugelmin pode se sagrar tetracampeão e o brasileiro com mais títulos na competição nos UTVs (também subiu ao primeiro lugar do pódio ao lado de Reinaldo Varela em 2018).
As 48 horas nas dunas foi a etapa de areia mais difícil que já fiz na vida, indiscutivelmente. Foram mais de 750 quilômetros divididos em dois dias muito, muito complicados. Passar a noite na barraca foi o maior perrengue porque é frio demais no deserto. Apenas o saco de dormir e o travesseiro um montinho de areia, um kit militar e nada mais. A comunicação não foi possível porque os celulares são lacrados todo dia antes da largada e como eram 48 horas de prova não pudemos abrir. Terminamos bem, em quinto na geral. Não estamos muito distantes do quarto e terceiro colocados e isso nos dá a possibilidade de ganharmos tempo nas próximas etapas. Amanhã é dia de descanso e de ficar tranquilo e de recuperar a energia para a metade final da competição. Tudo pode acontecer.
Muita história para contar
Das 48 horas do Quarteirão Vazio no Rally Dakar 2024 o que sobrou foi muita história para contar. A mais icônica, sem dúvida, de Rodrigo Varela, competidor da categoria T4 (SSV). Ele e seu navegador Enio Bozzano Júnior – e vale reforçar que Rodrigo é estreante no Dakar – vinha muito bem na competição. Foram os vencedores da etapa 1 e na 5, com o quarto lugar conquistado no dia, voltaram para a segunda posição na geral. Mas na sexta etapa os sinais já começaram nas primeiras 24 horas.
De acordo com relatos de Gabriel Varela, irmão de Rodrigo, e que está acompanhado tudo do Brasil – enquanto o pai Reinaldo e o outro irmão Bruno estão in loco –, o piloto da equipe Team Brasil e seu navegador estavam fazendo uma boa prova, mas 2 quilômetros depois do primeiro abastecimento constataram a quebra da cruzeta ligada ao cardã.
O incidente, muito provavelmente, se deu por algum salto mais forte nas dunas ou até mesmo pelo desgaste já que, como amplamente sabido, estamos com problemas de peças em função do uso de outro UTV que não o original, explicou Gabriel, lembrando que o cargueiro que trazia o Can-Am Maverick X3 de Rodrigo precisou desviar a rota por conta dos ataques de piratas no Mar Vermelho.
Diante dos recursos que tinham ali no momento, conseguiram soltar a peça e continuar na corrida, mas apenas no 4×2. Logo depois de uma sequência de dunas, entraram em um funil (a parte mais baixa da duna), atolaram e não conseguiram mais sair. Passaram a noite e pela manhã conseguiram desatolar. Iniciaram a segunda parte da maratona, atolaram novamente e precisaram abandonar a prova.
Mas a epopeia só estava começando. Distantes aproximadamente 60 quilômetros de uma estrada de asfalto, em meio ao deserto e instabilidade de sinal de celular, conseguiram acionar a equipe que solicitou resgate de helicóptero para a organização. Aproveitaram o transporte, levaram mecânico e peças e conseguiram consertar o Maverick X3, que pode voltar rodando para Shubaytah. Rodrigo optou por retornar de helicóptero porque não caberiam três no UTV. Bozzano, que também é piloto, voltou dirigindo.
Na volta, outro acidente e o helicóptero precisou fazer um pouso para resgatar o piloto machucado. Rodrigo desce da aeronave e se vê novamente no meio do deserto. Sem nenhuma indicação do que aconteceria, ele e navegador do piloto acidentado resolveram que dormiriam por lá para não encarar as dunas à noite, o que seria muito perigoso. Mas, felizmente, a aeronave voltou para buscá-los. O UTV também chegou bem ao destino. Assim terminou a história das 48 horas, com todos salvos, felizmente.
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FONTE: Carbono.AG Agência de Comunicação