Brasileiros comentam o que os aguarda no Dakar 2020




Vencedores da prova em 2018, Varela e Gugelmin analisam os doze dias de corrida

Com 7.856 km de percurso, sendo 5.097 de trechos cronometrados e 2.759 de deslocamentos, o Rally Dakar 2020 será pela primeira vez disputado inteiramente no território da Arábia Saudita. Tendo o maior deserto do mundo como pano de fundo, a prova terá nada menos que 65% de seu percurso em piso de areia – boa parte em regiões de dunas com mais de 200 metros de altura. Competindo pela equipe Monster Energy/Can-Am, a dupla brasileira Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin disputará a categoria UTV e tentará o bicampeonato do Dakar, que terá largada no próximo dia 5 de janeiro. Abaixo, eles analisam os doze dias da mais difícil competição off-road do planeta:

1ª etapa, 05/01, Jeddah até Al Wajh

319km de especiais, 752km de percurso total. O trecho mescla várias características do Dakar, mas tudo compactado já no primeiro dia de corrida.

Varela: “Logo de cara teremos um dia marcado pelo perigo das dunas, mas com trechos repletos de rochas, muito sinuosos. Pode-se perder o rally já ali”.

2ª etapa, 06/01, Al Wajh até Neom

367km de especiais, total de 401km. Trecho formado por trilhas velozes, mas com referências que nem sempre são confiáveis.

Gugelmin: “A navegação será difícil justamente por que haver locais com muitas trilhas se cruzando, que nem sempre poderão ser a referência correta. Será um dia de navegação muito manhosa, que exigirá experiência e raciocínio ágil em várias situações”.

3ª etapa, 07/01, Neom

404km de especiais, 489km no total. O percurso chegará à fronteira com a Jordânia, cruzando uma série de cânions e montanhas, atingindo a maior altitude da prova (1.400m).

Varela: “Um dia para ficar atento: todo o trajeto deve ser em piso de areia, com várias descidas, subidas e até despenhadeiros. A mudança de altitude pode afetar o rendimento do motor e talvez alguns pilotos e navegadores, por causa do cansaço físico”.

4ª etapa, 08/01, Neom até Al Ula

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453km de especiais, total de 676km. Uma mescla equilibrada entre trechos de piso arenoso e trilhas cobertas por cascalho e grandes pedras.

Gugelmin: “Este dia promete ser veloz, segundo a nossa equipe. Nos recomendaram cuidado na navegação por que será fácil se perder nessa paisagem onde tudo é muito parecido”.

5ª etapa, 09/01, Al Ula até Ha’il

353km de especiais, total de 563km. Pedras gigantes servirão de referência para os navegadores, exigindo também menos técnica neste quesito.

Varela: “Aqui as dunas são enormes, atingindo mais de 200 metros de altura. As maiores chegam a 250 metros. A descida delas é muito veloz e um acidente ali pode acabar com sua corrida. Um dia traiçoeiro para os pilotos novatos”.

6ª etapa, 10/01 – Ha’il até Riyadh (Riad)

478km de especiais, 830km no total. Pela primeira vez a especial será 100% disputadas na areia do deserto – e totalmente em condição off-road.

Gugelmin: “A paisagem totalmente homogênea de um território formado só por dunas pode ser um pesadelo quando você precisa achar o seu caminho para casa. A navegação vai ser decisiva. E a habilidade do piloto nas subidas de duna vai salvar ou acabar com o dia”.

Descanso, 11/01

Equipes estacionadas em Riyadh. A capital da Arábia Saudita é uma megalópole com mais de seis milhões de habitantes.

7ª etapa, 12/01, Riyadh até Wadi Al-Dawasir

546km de especiais, 741km no total. É a maior especial do Dakar e também uma das mais variadas. Possui trecho com grandes dunas e outros mais cansativos com as contínuas mudanças de direção das pequenas dunas.

Varela: “Muda o tamanho, mas é sempre areia. Há muitas mudanças de direção e encruzilhadas. Mas a tônica será: seja rápido sem ser descuidado ou ingênuo. O risco estará sempre presente”.

8ª etapa, 13/01, Wadi Al-Dawasir

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474km de especiais, 713km no total. Em direção ao sul, o rally cruzará cânions e montanhas em alta velocidade.

Gugelmin: “Teremos uma reta de 40km de pé embaixo onde o navegador será praticamente um passageiro. Mas a diversão vai passar logo, por que piloto e navegador precisarão de concentração máxima em um trecho de dunas, perigoso e sempre cansativo”.

9ª etapa, 14/01, Wadi Al-Dawasir até Haradh

415km de especiais, 891km no total. Pouca areia e piso bastante sólido durante todo este dia, o mais longo de todo o rally.

Varela: “Com um piso menos instável, a pilotagem deve ser mais precisa e com menos erros. Aqui alguns acharão que estão em uma condição mais controlável. Eu discordo: justamente por igualar um pouco a pilotagem, qualquer erro fará ainda mais diferença a favor dos adversários. A recomendação da equipe foi simples: não erre”.

10ª etapa, 15/01, Haradh até Shubayatah

534km de especiais, total de 608km. A etapa maratona acontece no temido Rub’al-Khali e levará os competidores direto ao coração do deserto, com grandes extensões de areia, dunas e nada mais. As equipes não poderão ajudar duplas em dificuldade.

Gugelmin: “Este é o maior deserto do mundo. Mas a pior parte está nos últimos 30 quilômetros. Lá só existem areia e dunas, justamente no momento em que a luz do dia estará se acabando. Você pode se perder ali por horas a fio – ou até mais. Não é algo bacana de se pensar”.

11ª etapa, 16/01, Shubayatah até Haradh

379km de especiais, 744km no total. Logo no início, talvez um dos piores desafios do Dakar 2020: 80km formados pelas mais altas e inóspitas dunas da Arábia Saudita.

Varela: “Pode parecer que é mais do mesmo – dunas – mas cada trecho tem uma conformação distinta em função de condições geográficas como proximidade do vento marinho e tipo de areia. O trecho inicial certamente vai ‘moer’ muita gente e acabar com a concentração pelo cansaço. Por isso, no Dakar, preparação é tudo”.

12ª etapa, 17/01, Haradh até Qiddiya

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374km de especiais, 447km no total. Mescla de trilhas de areia e cascalho, com rochas pelo caminho.

Gugelmin: “Acho que o maior adversário neste ponto da prova será o cansaço. Pode apostar que ele vai decidir muita coisa neste Dakar – como já vez em tantos outros ao longo da história”.


FONTE: Assessoria de Imprensa – FOTO: DIVULGAÇÃO