Brian Moreau sofreu um grave acidente em Tampa, na Flórida, que o deixou sem qualquer movimento nas pernas. O prognóstico inicial era reservado mas, ao que parece, a recuperação do piloto do AMA Supercross tem sido um sucesso.
O piloto francês estava a dar os primeiros passos para realizar o seu sonho de competir no AMA Supercross quando o pior aconteceu. Moreau estava a completar a sua primeira sessão de treinos com as cores da Troy Lee Designs/Red Bull KTM quando foi lançado por cima do guidão.
“Eu lembro de tudo porque não fiquei inconsciente. Estava fazendo uma seção de saltos e escorreguei. Lembro de tudo, de como me tiraram da pista, de tudo. Isso foi mau. No início, bati, não conseguia sentir as pernas e eles vieram comigo e eu disse: «esperem, não consigo mexer nada, não consigo sentir nada, estou paralisado». Disse isto várias vezes”, recordou o piloto da Troy Lee Designs, acrescentando ainda que rapidamente percebeu que a lesão era grave. “Apressaram-me para a cirurgia, depois acordei e passei uma semana nos cuidados intensivos. Quase não me lembro dessa semana. Não tinha força nenhuma”.
Seguiu-se um longo período de recuperação, primeiro no hospital em Tampa e, mais recentemente, em um centro de reabilitação na França.
“Estou de volta a França, num centro de reabilitação que trabalha com lesões da medula espinhal (um centro de reabilitação em Nantes, França). Devido ao surto do vírus tem sido ainda mais aborrecido, porque nos tem isolado bastante. Estou pronto para voltar para casa. Gostaria de encontrar um centro de reabilitação melhor, aqui na França, mas penso que quando o vírus acalmar, gostaria de voltar para os EUA. Preciso de uma reabilitação intensa para que as minhas lesões progridam o mais possível, e penso que não consigo encontrar isso aqui na França. Quero trabalhar mais as minhas pernas e dizem-me que não posso, não acredito nisso…”, revelou o piloto, confiante de que tem a possibilidade de, com muito trabalho, recuperar 100%.
“A Europa faz alguma investigação e tecnologia médica de qualidade, mas não é demonstrada nos seus hospitais, por vezes podem faltar os cuidados. Nos EUA, esse tipo de reabilitação intensa pode ser dispendioso. As minhas pernas não têm preço, quero fazer tudo o que estiver ao meu alcance para as recuperar. Não pensei que a minha carreira fosse ser assim ou que tivesse este tipo de lesão na minha idade. Estou sempre tentando ser positivo, mas quando não se vê progressos, quando não se consegue trabalhar tanto quanto se quer, quando não acreditam que se pode fazer mais, e depois estar aqui sozinho, sem ter ninguém por perto é difícil. Eu era alguém que estava habituado a fazer um monte de coisas, a ser feliz, a rir e agora não posso fazer muito, estou muito triste”, avançou Brian Moreau.
O jovem piloto de apenas 18 anos deixou bastante claro que se sente frustrado com a forma como está a correr a sua recuperação, visto que sente que consegue ir mais além. Por agora, terá de ficar na França, mas o objetivo parece ser o regresso aos Estados Unidos.
“Adoro a mentalidade dos Estados Unidos. Especialmente na minha situação, preciso desse tipo de positividade à minha volta e de terapeutas que me pressionem a ultrapassar os limites e a trabalhar o máximo que posso. Aqui todos os dias é sempre a mesma coisa: «Oh, não sabemos o que vai acontecer», mas ninguém sabe! Nós nunca sabemos o que vai acontecer. Não me dizem: «Sim, tu vais andar», ou «Não, tu não vais andar». Eles não me dizem nada. Penso que o apoio positivo e alguém que me motive ajuda muito no que estou a fazer, porque mentalmente já é muito difícil”, explicou Moreau.
Apesar de estar descontente com o trabalho que tem sido feito na clínica, Brian Moreau destaca que a recuperação em si até está a evoluir de forma bastante positiva, dada a gravidade das lesões.
“Para ser sincero, está a correr bastante bem. Tenho mais sensibilidade nas minhas pernas, tendo em conta que antes não conseguia sentir nada dos braços para baixo. Não sinto as pernas no seu todo, mas algumas partes estão a acordar, outras não sinto nada. Também já sinto mais o peito e as costelas, por exemplo. Ainda é cedo e, neste momento, só quero continuar a trabalhar”.
FONTE: MOTOSPORT