#TBT CBM: Conheça as lembranças de Jean Azevedo, referência brasileira no Rally




Toda quinta-feira é marcada por muitas lembranças para os adeptos do #TBT (Throwback Thursday). O movimento que pode ser traduzido para “Quinta-feira da Nostalgia” ganhou força na internet em 2008 e hoje toma conta das redes sociais de quem quer reviver e mostrar aos seus seguidores momentos marcantes de sua vida, pessoal ou profissional. Quem nunca abriu o Instagram e se deparou com a timeline cheia de hashtags nas fotos de seus pilotos preferidos?

A CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo) resolveu aderir ao movimento e trará toda quinta-feira histórias de competições e pessoas apaixonadas pelo motociclismo, que carregam por baixo dos capacetes, na memória, momentos marcantes no esporte. Hoje (4) a conversa é com Jean Azevedo #3, da Honda Racing. Com 1.68 de altura, o gigante – do rally –  leva na garupa 36 anos de experiência com a modalidade.

O piloto conta que quando se fala em rally, a primeira palavra que lhe vem à cabeça é “desafio”.

Superar os limites. As provas são sempre longas, com muitas horas por dia. Tem dificuldades que a gente só encontra no momento, pois não tem treino no local e nem reconhecimento da pista. A gente tem que se preparar muito e ter as estratégias definidas porque é uma competição cheia de surpresa, fala à reportagem.

Nascido em São José dos Campos (SP), ele começou a colecionar recordações com o esporte ainda pequeno.

Meu pai sempre foi aventureiro e andou de moto, meu irmão, 15 anos mais velho, foi piloto também. Ganhei a primeira moto com cinco anos e com onze comecei a competir no motocross, depois fui para o enduro e o rally comecei com 18, pois a modalidade exige carteira de habilitação, diz.

Em quase quatro décadas de competições off-road, Azevedo conquistou 81 títulos. Entre os principais estão os 13 adquiridos no Brasileiro de Rally Cross Country (dez nas motos e três nos carros), cinco no Brasileiro de Rally Baja e dois no Enduro. No Rally dos Sertões se consagrou heptacampeão e hoje é o maior detentor de títulos na categoria “motos”.

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Fotos na sequencia: Marcelo Machado – Marcelo Maragni – Gustavo Epifanio/ Mundo Press

Mas não há dúvidas que suas principais lembranças venham do Rali Dakar, no qual possui 18 participações e três títulos em categorias, conquistados em 1997, 2003 e 2011. Confira na entrevista abaixo o que o piloto fala sobre a maior e mais longa prova de rali do mundo.

CBM – O Rali Dakar é uma prova de resistência e passar por ela conseguindo completar todo o percurso deve ser uma experiência única e inesquecível. Se recorda com detalhes de como foi sua primeira participação? 

Jean Azevedo – Minha primeira participação foi em 1996. Naquela época as pessoas não tinham acesso à informação, era difícil saber o que estava acontecendo. Foi uma prova que praticamente comecei do zero, sem saber o que ia encontrar por lá, apesar da experiência que tinha no Brasil. Nesta primeira participação consegui terminar o percurso, o que foi uma grande vitória para mim. Lembro que na época as notícias não chegavam aqui no Brasil, então a família ficava muito preocupada, já que as provas eram muito longas, duravam em média três semanas, com um percurso de 13 ou 14 mil quilômetros.

CBM – Você é o brasileiro com mais participações na prova na categoria “motos”, totalizando 18 até o momento. Qual foi a edição que mais te marcou, se é possível escolher apenas uma? 

Jean Azevedo – A prova mais marcante é sempre a de melhor resultado, né? (risos). Eu venci minha categoria três vezes, duas na Production e uma na Super Production, e isso me marcou bastante. Era uma briga de golias, afinal éramos uma equipe privada com motos de série brigando contra as equipes de fábrica, com as motos Factors. Me lembro também dos bons resultados na classificação geral, fui 5º em 2003 e 7º em 2005 e 2011.

CBM – Toda experiência que você adquiriu no certame é nitidamente refletida nos campeonatos brasileiros. Você acredita que todo piloto deveria passar pelo Rali Dakar para enriquecer o portfólio na modalidade?

Jean Azevedo – Eu acho que é uma experiência de vida antes de tudo, porque ali a gente aprende a superar os limites. Quando eu comecei no Dakar eu achava que meus limites chegavam até certo ponto, mas depois joguei essa régua lá pra cima. Isso não serve só para o Jean atleta, mas para o Jean na vida. É uma experiência muito válida, pois é uma prova muito difícil, desgastante, que até passa do ponto de proporcionar prazer. Então é pra levar para a vida mesmo.

CBM – Mesmo antes de embarcar para a África para participar do Dakar, você já estava se consagrando no Brasil como uma referência da modalidade. O que você levou na bagagem que te ajudou lá?

Jean Azevedo – Com certeza toda a bagagem que adquiri no Brasil me ajudou muito quando fui para as competições internacionais. Eu que corro há muitos aqui, e o que vou falar é para todas as modalidades, vejo o quanto o esporte está crescendo e isso com certeza dá uma base maior para os brasileiros que querem ir para fora competir. Cada ano aqui é de um jeito, então eu considero todas as provas brasileiras importantes para isso.

CBM – O tema é “TBT”. Como estamos falando de lembranças, ainda pretende colecionar muitas no decorrer de sua carreira? Como estão os planos?

Jean Azevedo – Continuo na ativa, então enquanto eu estiver competindo eu vou em busca de títulos. Tenho um objetivo de ganhar o 8º nos Sertões, que neste ano vai também será uma etapa do Mundial. Com certeza o nível estará mais difícil, virão pilotos de fábrica com as Factors, então vou me preparar muito para estar o melhor possível junto com o time Honda.


FONTE: ASSESSORIA CBM – FOTO: GUSTAVO EPIFÂNIO

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