Pilotos da equipe Honda Racing comentam o roteiro e novidades do Sertões 2020




Com largada no interior de São Paulo e chegada no Maranhão, competição será em “bolhas” para evitar o contato com pessoas que não sejam da caravana da prova

De olho em seu décimo título no Sertões, o quinto consecutivo entre as motocicletas, a equipe Honda Racing está atenta a todas as novidades da 28ª edição do maior desafio off-road do país. A organização divulgou o roteiro completo da prova na noite desta quarta-feira (19/8), bem como os detalhes dos protocolos a serem adotados por causa do atual cenário da pandemia de coronavírus. O evento, que já tinha sido alterado para 31 de outubro a 7 de novembro, começa com o prólogo no Autódromo Velocità, em Mogi Guaçu (SP), e termina em Barreirinhas (MA). Ao todo serão percorridos 4.749 quilômetros, sendo 2.004 de especiais (trechos cronometrados). O roteiro inclui também o Distrito Federal e os estados de Goiás e Tocantins.

Por meio de transmissão online, os pilotos Jean Azevedo, Tunico Maciel, Gregório Caselani, Bissinho Zavatti e o chefe da Honda Racing de Rally, Dário Júlio, acompanharam o anúncio de todas as novidades. Entre elas, o formato da estrutura do evento em “bolhas”, ou seja, em locais isolados das cidades e com acesso restrito, sem contato com público e outras pessoas que não sejam da caravana da competição.

Também foram comunicados os protocolos de segurança que incluem medidas como a obrigatoriedade de testes RT-PCR, uso de máscara em tempo integral, medição diária de temperatura corporal, distanciamento de três metros entre as equipes, limite de integrantes por time, rota única para os carros de apoio determinada pela organização, abastecimento somente em postos credenciados, proibição de ajuda externa de pessoas locais, acesso à Internet na “bolha”, briefings virtuais e utilização de estrutura médica própria do evento.

Maior campeão da história da competição nas motos, com sete títulos, Jean Azevedo compara a proposta do Sertões 2020 com o Dakar.

Este ano vai parecer muito com a prova que era na África. Vamos seguir de acampamento para acampamento, bem restrito e isolado do povo. É bem diferente, porém eu já vivenciei esse formato. A movimentação controlada do apoio vai obrigar o piloto ser mais autossuficiente e administrar melhor a prova, além de ter uma estratégia de corrida muito mais ajustada para esse novo panorama, comenta o paulista de São José dos Campos.

Ele também alerta que, mesmo com especiais menores, a edição não será fácil.

Com certeza, os roteiros vão exigir muito física e tecnicamente. Teremos a Etapa Maratona logo no segundo dia e passagem em regiões de montanhas, serras e pedras, sem falar na chegada com muita areia e dunas. Estou contente pelo que foi divulgado e pelo fato do Sertões acontecer neste ano tão difícil, completa o piloto da categoria Super Production, que utiliza a moto CRF 450RX.

Tunico Maciel, atual bicampeão do Sertões nas motos, reforça que o trabalho em equipe contará bastante.

Ter o Jean e o Dário no time, duas pessoas muito experientes, e toda nossa estrutura nos ajudará demais a conseguir um bom resultado. Fiquei feliz pelo esforço do Sertões para que a prova possa acontecer, destaca o mineiro de Lavras. Em relação ao roteiro, vamos encarar diversos tipos de terrenos, muita quebradeira, por isso, cuidar do equipamento, ter um bom preparo físico e estar atento à navegação serão pontos imprescindíveis. Estou bastante confiante, animado e pronto para mais esse desafio na minha carreira, conclui o piloto da categoria Production Aberta e que também usará a moto CRF 450RX.

Assim como Gregório Caselani, gaúcho de Caxias do Sul e vencedor do Sertões em 2016, que vai acelerar o mesmo modelo pela Super Production.

A primeira etapa já vai ter 1.305 quilômetros, o que já será bastante cansativo. Mesmo com muita pedra e areia pelo caminho, acredito que as especiais serão um pouco mais tranquilas do que nos últimos anos. Porém, teremos muito deslocamento, o que tornará o rali bem cansativo, pelo pouco tempo de descanso entre uma etapa e outra. Gostei muito da ideia da “bolha”, do isolamento, realmente o que tem que ser feito para a prova acontecer, afirma.

Tetracampeão do Sertões na categoria Rally Brasil, exclusiva para modelos nacionais, Bissinho Zavatti também está pronto para mais esse desafio.

Vai ser um rali totalmente diferente pela logística da prova e devido ao momento que a gente está passando. O mais importante é ter o evento com segurança. Sobre as especiais, senti que será bem difícil, com bastante trecho bem travado e muitos quilômetros percorridos todos os dias, diz o paulista de Monte Alto, que utiliza a motocicleta CRF 250F.

Categoria Self

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Para os integrantes da Self, categoria de baixo custo para motos destinada a pilotos que participam da prova sem apoio mecânico (ou seja, o próprio competidor faz a manutenção diária do veículo), a novidade é que o vencedor receberá como prêmio uma moto Honda CRF 250F.

Turismo e ações sociais

Mais uma vez, pensando na atenção e cuidados desse momento, todas as expedições, incluindo a exclusiva para proprietários da Honda CRF 1000L Africa Twin, foram transferidas para 2021. Por outro lado, o Sertões 2020 será marcado como o rali da solidariedade, já que as ações sociais foram ampliadas, com doações de cestas básicas e ajuda às cidades da região por onde a prova passará.

A equipe Honda Racing de Rally é patrocinada por Pro Honda, Alpinestars, ASW, DID e Seguros Honda.

Confira o roteiro completo do Sertões 2020*:

31/10/2020 – sábado – Prólogo
Velocitá – Mogi Guaçu (SP)

1/11/2020 – domingo
1ª etapa – Velocitá / Mogi Guaçu (SP) a Bolha 2 / DF

Deslocamento inicial: 300 km
Trecho especial: 205 km
Deslocamento final: 605 km
Total: 1305 km

O Sertões 2020 tem início com uma especial em região montanhosa, muito bonita, em estradas de piçarras. O trecho traz lombas e pontos sem visão. No km 30, começa a subida de uma serra com lajes de pedra e abismos dos dois lados, onde a navegação será fundamental. A partir do km 100, haverá estradas vicinais estreitas dentro de pequenas fazendas. Os últimos 30 km serão mais rápidos, em uma zona agrícola. O dia termina com o maior deslocamento da prova, por via asfaltada: 605 km até a Bolha 2, localizada no Distrito Federal.

2/11/2020 – segunda-feira
2ª etapa – Bolha 2 / DF a Bolha 3 / GO – 1ª parte Maratona “Renê Melo”

Deslocamento inicial: 163 km
Trecho especial: 353 km
Deslocamento final: 0 km
Total: 519 km

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No segundo dia da prova, será realizada a parte inicial da Etapa Maratona, batizada de Renê Melo – piloto de carro falecido em maio deste ano que participou diversas vezes do Sertões. Sem poder contar com qualquer auxílio das equipes de apoio, os competidores encaram a especial de 353 km que promete estar entre as mais duras e completas da edição 2020. O trecho começa rápido, com mata-burros e pontes (em algumas delas haverá radar). Ao chegarem em uma fazenda particular, haverá uma subida de serra em trial, na qual será preciso muita atenção.

No alto, diante de um visual incrível, os competidores seguem pelo topo da serra, marcado por lajes de pedra. Saindo da fazenda, as velocidades serão maiores em uma estrada rápida, de pilotagem prazerosa, mas com algum fesh fesh. Haverá travessia por um rio até atingirem uma pista travada e estreita. Nos últimos 50 km da especial, a velocidade volta a subir até chegarem na zona de radar, próxima à Bolha 3, em Goiás, onde todos irão acampar. Como a Etapa Maratona vale até o dia seguinte, as equipes de apoio e os motorhomes seguirão direto para a Bolha 3, no fim da terceira etapa.

3/11/2020 – terça-feira
3ª etapa – Bolha 3 / GO a Bolha 4 / GO – 2ª parte Maratona “Paulo Gonçalves”

Deslocamento inicial: 0 km
Trecho especial: 200 km
Deslocamento final: 169 km
Total: 369 km

Na segunda parte da Etapa Maratona, o homenageado será o piloto português de motocicleta Paulo Gonçalves, que faleceu após um acidente no Rally Dakar 2020. O dia promete ser bem completo, mesclando velocidades altas, médias e baixas. Apesar dos 10 km iniciais bem velozes, a especial logo entra em uma dura subida de serra, com muitas pedras, depressões, pontos sem visão e trechos sinuosos com abismos dos dois lados. Após muito sobe e desce, na metade da especial, por volta do km 100, haverá uma longa descida. O piso terá fesh fesh e exige cautela nas ultrapassagens. Os competidores passarão por dois grandes rios com pedras e vão encarar uma serra íngreme no final, por região não povoada e solo com muitas pedras e cascalhos.

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4/11/2020 – quarta-feira
4ª etapa – Bolha 4 / GO a Bolha 5 / TO
Deslocamento inicial: 26 km
Trecho especial: 329 km
Deslocamento final: 286 km
Total: 641 km

O dia começa muito rápido, no estilo das especiais no Campeonato Mundial de Rally (WRC), e fica mais lento quando entra em um trecho com mata-burros, pedras e pontes – em algumas delas haverá radar. O grande desafio será o trecho de 60 km de areia, no qual a navegação será exigida ao máximo. Após o abastecimento, os competidores enfrentarão caminho travado e pontos de trial, em terreno característico de cerrado. Nos últimos 60 km, curvas de altas velocidades e chão com piçarra.

5/11/2020 – quinta-feira
5ª etapa – Bolha 5 / TO a Bolha 6 / MA
Deslocamento inicial: 103 km
Trecho especial: 337 km
Deslocamento final: 172 km
Total: 612 km

Apesar dos km iniciais travados, a especial imprime altas velocidades em um trecho de areia, ao lado de uma plantação de eucaliptos. O terreno arenoso fica bem mais pesado até a metade do trajeto, quando assume as características do Jalapão, no Tocantins. Após o abastecimento, os competidores encerram a especial em terreno de piçarra, onde poderão atingir altas velocidades e sentir o prazer da pilotagem.

6/11/2020 – sexta-feira
6ª etapa – Bolha 6 / MA a Bolha 7 / MA

Deslocamento inicial: 126 km
Trecho especial: 300 km
Deslocamento final: 365 km
Total: 791 km

A especial já começa com belas paisagens, por estradas de médias velocidades que vão ficando cada vez mais estreitas e travadas. A partir da metade, no km 150, o trajeto fica mais rápido, com lombas e depressões. Haverá dois trechos com retas muito longas, de altíssimas velocidades, em terreno de piçarra. No final, será preciso mais atenção para completar a especial em trechos arenosos.

711/2020 – sábado
7ª etapa – Bolha 7 / MA a Barreirinhas (MA)

Deslocamento inicial: 222 km
Trecho especial: 280 km
Deslocamento final:10 km
Total: 512 km

A organização do Sertões promete deixar a melhor especial para o final. Serão quase 280 km de areia, nos quais a navegação fará toda a diferença. Após um começo travado em piçarras, o trecho fica arenoso à medida que cruza pequenos riachos, os quais estarão secos na época da prova. Após o abastecimento, praticamente na metade da especial, as dificuldades serão extremas por conta da areia e da parte final com navegação por GPS em dunas. Com muitos way points a serem cobertos, qualquer erro pode ser fatal. O final em Barreirinhas promete ser apoteótico, a imagem a ser gravada nas memórias dos participantes. Chegar ao final do Sertões 2020 já será uma grande vitória.

TOTAL DO PERCURSO: 4749 km
TOTAL DE ESPECIAIS: 2004 km

* O roteiro é fornecido pela organização do evento e está sujeito a alterações. 


FONTE: Mundo Press – FOTO: Gustavo Epifânio/Mundo Press