As mudanças que o coronavírus pode trazer ao esporte motorizado




Há alguns meses atrás, a situação atual seria completamente impensável. Tudo parou e o esporte motorizado não foi diferente. Com todas as dificuldades que atravessa neste momento, devido ao surto do coronavírus, é inevitável que o mundo do esporte nem tão cedo será igual ao que era.

A incerteza que surgiu devido à pandemia está a afetar o esporte em grande escala, na medida em que é impossível prever quando vão começar as corridas, se será ou não possível cumprir os calendários que já foram divulgados e, mais importante ainda, quando estas tiverem início, em que moldes irão ser realizadas.

Ao que parece, a Feld Entertainment pondera que o Monster Energy Supercross Series de 2020 aconteça com uma série de eventos num só local, de forma a completar as 17 corridas do campeonato. A idéia foi lançada num encontro entre os promotores e os fabricantes na sexta-feira. Esta série de eventos iria ser realizadas no State Farm Stadium, em Glendale com corridas de poucos em poucos dias para compor as sete rodadas que restam. Os fãs, infelizmente, seriam impedidos de estar presentes, devido às orientações de distanciamento social. No entanto, a Feld considerou que é um sacrifício que estão dispostos a fazer para que as corridas possam ser retomadas.

Não é apenas o mundo do off-road que pensa em diferentes formas de recomeçar o campeonato visto que, na semana passada, a Dorna, organizadora da MotoGP, revelou que existe a possibilidade de as corridas terem lugar num conjunto de circuitos sem público. Foi dito às equipes que apresentassem uma lista dos membros do pessoal que seriam essenciais para manter as motos na pista. Todos os patrocinadores e convidados especiais seriam impedidos de assistir às provas e um assessor de imprensa não seria necessário, pois apenas repórteres e fotógrafos da Dorna estariam na pista. Resta saber se todos estariam dispostos a competir sem público e sem a animação tão característica deste esporte, além de todas as restrições que teriam de cumprir.

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No Supercross, a Feld Entertainment referiu que as equipes vão também precisar de esboçar uma lista de pessoas necessárias para fazer as corridas no State Farm Stadium, que é mais extensa do que se possa pensar. Serão necessários, no mínimo, 44 pilotos para que o evento arranque no conjunto das corridas de 250 e 450. A este número, acrescenta-se mais um mecânico por piloto, por isso, só aqui, são 88 pessoas. Isto, claro, sem contar gerentes de equipe, chefes de equipe, técnicos de suspensão, afinadores de motores, analisadores de dados e motoristas de caminhões. Dunlop, Hoosier e Pirelli também seriam necessários para mudar os pneus. Só com estas pessoas, já passamos de 200, sem contar com o pessoal da Feld Entertainment que gere toda a operação, constrói a pista e sinalizadores, e os funcionários do AMA, o pessoal da Unidade Médica Móvel, e a equipe de produção televisiva. Visto isto, seria necessário fazer muito mais cortes no pessoal, mas essa questão ainda está por determinar.

Estariam os pilotos e as equipes dispostos a ficar no mesmo hotel durante semanas a fio? Ou seriam autorizados a viajar de um lado para o outro entre corridas? E se alguém ficar doente? Há questões que se levantam neste momento que torna impossível prever como serão retomadas as corridas. A parte positiva é que as equipes parecem gostar da ideia. Não é o que inicialmente estava previsto, pois é muito mais cedo do que o prazo que lhes foi dado há algumas semanas, mas agora permite-lhes completar o AMA Supercross antes de iniciarem o Campeonato de Motocross. Vão ter de se apressar a construir as suas motos e carregar os caminhões, mas a maioria dessas tarefas já deverão ter sido feitas há um mês, quando a série foi suspensa.

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Quanto à data possível de retoma das provas, parece que a maioria prefere iniciar em junho, visto que lhes daria mais tempo para pôr as coisas em ordem e para os pilotos retomarem parte da sua rotina de treino.

Nada disto seria fácil de concretizar, até porque o fato de existirem diversas partes envolvidas na organização e na ação em pista pode tornar as coisas ainda mais complicadas. Além disso, a Feld Entertainment também terá de trazer de volta uma parte da sua mão de obra, que foi reduzida depois de alguns despedimentos recentes.

A questão da possível contaminação dos intervenientes com o vírus também é um problema. O que acontece se alguém adoecer ou tiver de abandonar a zona confinada? Teriam de ser imediatamente colocados em quarentena durante 14 dias. Será que um teste positivo causaria a paragem de todo o campeonato novamente? As incertezas crescem à medida que são colocadas mais questões e se avançam nos planos para retornar com as corridas.

Vale a pena correr todos os riscos e estarão todos dispostos a fazê-lo? É isso que teremos de esperar para ver, pois com tudo aquilo que está em jogo, as decisões não serão tomadas de ânimo leve.


FONTE: MOTOSPORT