Piloto da equipe Honda Racing já disputou a prova em 18 oportunidades e analisa as circunstâncias que envolvem a largada, nesta segunda-feira (7) na capital Lima
O calendário off-road tem início nesta segunda-feira (7) com o Rally Dakar, considerado o maior e mais difícil do mundo. A prova aguarda a presença de 534 competidores e 334 veículos, entre motos, carros, quadriciclos, UTVs e caminhões. O roteiro, 100% em solo peruano, inclui 5.537 quilômetros de desafios, sendo 2.951 de especiais (trechos cronometrados). O piloto da equipe Honda Racing Jean Azevedo já participou da prova em 18 ocasiões e está ligado em todos os detalhes que envolvem a largada na capital Lima.
De cara, o 41º Rally Dakar traz uma característica peculiar, pois será realizado em um único país pela primeira vez na história. O roteiro terá dez etapas, quatro a menos do que a edição de 2018. Para Azevedo, no entanto, nada disso deve ser traduzido em uma prova tecnicamente mais fácil.
“A edição deste ano será praticamente toda em areia, no deserto. Então, acho que a dificuldade será a mesma”, disse.
O paulista avalia que a predominância deste tipo de terreno, bem como os obstáculos do deserto peruano, farão da edição de 2019 uma das provas mais técnicas do certame dos últimos anos.
“Nas últimas edições, os pilotos andaram bastante em estradinhas, o que exige menos pilotagem e navegação. Em 2019, 70% da disputa será no deserto peruano, que, com certeza, é o mais difícil de se andar na América do Sul, com dunas mais fofas, encavaladas”, afirmou o experiente piloto.
Ele já faturou três títulos de categorias do motociclismo na competição, sendo dois na Production e um na Super Production.
“Pilotar lá é tão difícil quanto no deserto saariano, na Mauritânia”, comparou.
“Uma disputa de rali em deserto exige muita habilidade dos competidores, tanto na questão da pilotagem quanto na navegação, o que diminui consideravelmente as chances de bons resultados de pilotos menos experientes”, continuou Azevedo.
“A pilotagem acaba sendo mais técnica, um pouco mais específica, de areia, de duna, e qualquer descuido pode resultar em quedas. Além disso, é preciso usar muito a bússola na navegação, já que o percurso apresenta poucas estradas demarcadas. E aí os mais experientes vão ter, com certeza, mais facilidade.”
Único piloto brasileiro a ter vencido etapas na classificação geral com motocicletas, nos anos de 2005 e 2007, Jean Azevedo destacou que é fundamental ter muita atenção à navegação, mesmo que isso implique em uma pilotagem mais lenta.
“O deserto é muito traiçoeiro e o piloto pode se acidentar se quiser andar muito rápido. Além disso, andando um pouco mais devagar, é possível ter uma navegação mais precisa. Então, às vezes vale a pena perder tempo na velocidade, mas acertar o caminho, do que querer andar rápido e não chegar no fim da etapa”, explicou.
“Quando o piloto erra em um deserto, pode levar até meia hora para encontrar o caminho correto. Se diminuir um pouco o ritmo, não vai perder tudo isso de tempo. Então a dica que eu dou é: vale a pena diminuir um pouco o ritmo e focar bastante na navegação”, concluiu.
Apostas para a disputa entre as motocicletas – Para Azevedo, o espanhol Joan Barreda e o argentino Kevin Benavides, da Monster Energy Honda Team, estão na lista de favoritos ao título. A equipe oficial da Honda na disputa conta ainda com a presença do português Paulo Gonçalves, do norte-americano Ricky Brabec e do chileno José Ignacio Cornejo no grid de largada.
“Acho que esse ano a disputa será bem interessante, com vários pilotos na briga. Vai ser uma corrida um pouco diferente do que é um Dakar tradicional, em função de ser um Dakar mais curto, com etapas praticamente 100% na areia”, lembrou.
O decampeão brasileiro de Rally Cross Country aposta em muita emoção até os quilômetros finais.
“Vai ter muita troca de posição entre os líderes. Será uma disputa interessante e o campeão deve ser decidido lá pelos últimos dias mesmo, se não for na última etapa”, apostou.
FONTE: Mundo Press – FOTO: GUSTAVO EPIFÂNIO